domingo, 16 de janeiro de 2011

Dia cheio: uma cidade murada, três muses e uma exposição interativa!

Era uma segunda feira e resolvemos conhecer Lucca e voltar cedo para passear mais um pouquinho em Firenze...

Vimos o horário do trem e chegamos com antecedência, já preparados para os imprevistos que só a Trenitália nos proporcionava. Para variar, a estação de Firenze estava lotada e nos dividimos em 2 filas das máquinas automáticas de bilhete para não corrermos o risco de ficar sem passagem. Tudo ia bem, e com folga de tempo até o momento em que eu escolhi as passagens da máquina (2 idas e 2 voltas Firenze – Lucca), coloquei o dinheiro e a mesma pegou nosso dinheiro e devolveu uma tíquete com o mesmo valor em dinheiro, e nada de passagens! A máquina simplesmente não tinha troco e por isso não imprimiu nossas passagens! AFFFF! Perdemos o trem que tínhamos programado e enquanto esperávamos na enorme fila novamente para podermos comprar as passagens, agradecemos muito a Trenitália, mais uma vez!

Lucca é uma cidade cercada por muralhas (construídas entre os séculos XVI e XVII), assim como muitas outras pequenas cidadezinhas da região da Toscana. As muralhas, construídas para proteção da cidade, hoje fazem parte de um grande parque, com vistas belíssimas e ótimos locais para uma boa passeggiata.


Chegamos na estação de trem e fizemos o de sempre: procuramos o ponto de informações turísticas, pegamos o mapa da cidade e traçamos nossa rota.

Lucca é uma cidade pequenina, mas bem bonita e aconchegante. Visitamos os pontos turísticos (igrejas, praças, anfiteatro romano, estátua de Puccini), passeamos um pouquinho pelas lojinhas (onde fizemos boas compras!), almoçamos e voltamos para a estação de trem para a nossa segunda etapa do passeio: Firenze!

Chegamos em Firenze pouco antes das 15h e fomos direto para o maior museu de arte da Itália, o Uffizi. Todos os guias que consultamos indicavam este museu como o que valia a pena ser visitado acima de todos os outros e, como, tínhamos pouco tempo em Firenze, não pensamos duas vezes. A fila era quilométrica e assustadora.

Não ficamos nem um pouquinho animados com isso, ainda mais porque era a segunda fila grande que pegávamos em Firenze, e não tínhamos pego fila em nenhum outro lugar da Itália, nem mesmo no Vaticano. Tinha uma fila para quem tinha reservado antecipadamente (logicamente para isso tem uma taxa em euros), uma fila para grupos e uma fila para os outros, que não tinham feito reserva e que estavam lá por conta própria (como nós). Todas as filas eram grandes e pareciam não andar. A primeira meia hora até que passou rápido, mas depois que percebemos que os minutos passavam e nada da fila andar, começamos a ficar muito incomodados. A perna estava cansada, a gente queria ir ao banheiro, enfim... Atrás de nós tinha um casal de brasileiros de São Paulo muito simpáticos que começaram a conversar conosco e, mesmo distraídos pela conversa, o tempo parecia não passar. Não me recordo agora quanto tempo levamos para entrar, mas acredito que tenha sido algo em torno de 2 horas.

Finalmente entramos no enorme e imponente museu. Num primeiro momento ficamos atônitos com tanta gente lá dentro e com tantas coisas para ver, mas pegamos o nosso mapa e começamos a nossa visita. Inicialmente fomos observando quadro a quadro, tentando captar alguma coisa daquele lugar, que inspira tanta gente e que “transborda” arte. O lugar é impressionante! Depois de algumas salas e de muitoooooos quadros, começamos a tentar adivinhar os nomes dos quadros, a “viajar” nas pinturas e a fazer os nossos próprios comentários “artísticos” com nossas impressões sobre tudo aquilo... Sim, porque ninguém sai de um grande museu famoso no mundo inteiro pelas obras do mesmo jeito que entrou... É uma experiência única. Acabou sendo bem divertido.

Saímos do museu já cansados e Thiago me convenceu a visitar o Museu de Tortura Medieval que tínhamos passado em frente no primeiro dia em Firenze. Eu estava bem receosa para visitar esse museu, porque ele parecia ser de terror e tal... Thiago se interessou pelo folheto que recebemos e ficou mais entusiasmado ainda quando viu a foto do Tim Burton visitando o museu! Bom, depois de relutar um pouco, eu aceitei entrar. Pedimos o audioguia em italiano (a essa altura já estávamos entendendo perfeitamente) e lá fomos nós. Não sei nem como descrever essa experiência! O audioguia é um mp3 que você vai clicando nas faixas para ouvir. Até aí tudo bem. Clicamos na primeira e fomos andando. O narrador começou a falar das doenças que dizimavam a população e tal... E nós continuamos andando. Aí o narrador falou da lesão da lepra e indicou onde estava a figura com a lesão. Ficamos procurando e percebemos que na verdade não era para termos andando nada, o narrador estava explicando a primeira ilustração, bem no início do pequeno trajeto. Eram umas 15 faixas, levava uma meia hora de narração. Fomos ouvindo e vendo tudo. O narrador falou dos mercados, da forma como os alimentos era comercializados e mais um monte de doenças... No final, já meio cansados de ouvir sobre as pestes, adiantamos as faixas para podermos acabar logo com a “introdução” e descermos a escada escura para vermos o que achamos que seria o museu “de fato”. Na última faixa o narrador fala com uma voz toda misteriosa que a partir daquele ponto, o ouvinte vai conhecer um porão Fiorentino da época medieval e tal... Fiquei super tensa, achando que ia levar um susto assim que terminássemos a escada pro porão. Thiago foi na frente, praticamente me arrastando e quando chegamos lá embaixo, além da escuridão, vimos um boneco (até bem feito) imitando uma pessoa presa numa cela. Acho que é como se fosse uma pessoa com alguma doença e ela estivesse em quarentena. Enfim... Era isso. Só. Gastamos 6 euros cada um para visitarmos este museu. Foi o maior programa de índio da viagem inteira, superando até a ida pro Parco Natura Viva no meio da estrada. Olhando pelo lado positivo, ao menos a visita nos serviu para testar o nosso italiano.


Saímos do museu com uma sensação de decepção imensa e rimos muito do medo que eu estava de entrar! Estávamos voltando para o hotel e ao passarmos em frente a uma dessas casas imensas construídas na época do renascimento, vimos várias luzes coloridas e tal e resolvemos entrar. Achamos que era um museu, mas na verdade era uma exposição de novas tecnologias todas interativas e foi bem interessante.

Já era tarde da noite e estávamos exaustos. Voltávamos para o hotel a pé, conversando sobre tudo que tínhamos visitado no dia. Na rua do nosso hotel estava localizada a Galleria dell’Accademia, outro museu famosíssimo em Firenze e que estava sempre com filas imensas desde às 8 horas da manhã. É neste museu que fica exposta a famosa escultura de Davi, de Michelangelo tão presente quando se fala de arte na Itália.

Passamos na frente do museu era umas 21 horas e ele estava aberto, sem filas e o melhor: a entrada após às 19 horas era gratuita! Não pensamos duas vezes: entramos para conhecer e essa overdose de obras de arte em apenas um dia nos cansou. Gostei bastante deste museu também e fiquei impressionada da mesma forma. E a escultura do Davi é algo indescritível... Muito grande, muito perfeita de todos os ângulos... Uma verdadeira obra de arte.

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