Nossa ida de Roma para Reggio Emilia foi uma verdadeira saga: estávamos cansados dos muitos passeios dos dias anteriores e tivemos que acordar cedo para fazer caber nas malas as nossas roupas, as coisas que compramos em Roma e os presentes que trouxemos do Brasil para os meus familiares da Itália!
Terminada a parte da arrumação, pedimos a Sônia para chamar um taxi para nos levar ao Termini, onde pegaríamos o trem. Achamos que seria super tranquilo, pois era um sábado de manhã. Porém tinha rolado um show do U2 para 80 mil pessoas no dia anterior, e essa foi a explicação para a demora em conseguir um taxi, o que para a gente não fez o menor sentido!
Por fim conseguimos o taxi e chegamos ao Termini com tempo de sobra para dar uma andada nas lojas, afinal o único shopping que achamos em Roma foi na estação de trem. Fizemos umas comprinhas e fomos pegar o trem.
Não tínhamos parado para pensar em como faríamos com as malas. Ambos achávamos que teria um compartimento para despachá-las (como os ônibus de viagem no Brasil) e nossa inexperiência nos colocou em maus lençóis, pois não havia compartimento algum, o corredor do trem era minúsculo e nossas malas eram gigantes! Fomos passando de cabine em cabine, pulando as malas e carrinhos de bebês até acharmos as nossas, e quando chegamos, tinha gente sentada no nosso lugar! E lá fui eu perguntar pelas poltronas e tal... As duas meninas eram estrangeiras também e estavam no vagão errado e rapidamente resolvemos o problema. A cabine tinha 6 lugares, sendo 3 e 3. Eu e Thiago pegamos os dois lugares do meio e como chegamos por último na cabine, o compartimento para malas, já estava lotado! Mas também as nossas duas malas eram tão grandes e pesadas que mesmo que estivesse vazio, não caberia!
A viagem para Reggio Emilia durou 5h e o trem era o do tipo Intercity Regionale, que vai parando em todas as estações (tudo inexperiência nossa!), ou seja: anda e para, anda e para!
Nossos companheiros de cabine eram todos italianos, um casal de Napoli indo visitar o filho em Reggio e uma mãe e filha de Firenze. Todos foram muito simpáticos conosco, nos oferecendo comida, café, conversando sobre o Brasil... O problema todo é que eles falavam muito rápido e parecia que era uma outra língua, que não o italiano! Ficamos meio tensos porque estavávamos indo para a casa de parentes que só falam italiano e bateu aquele desespero de achar que não entenderíamos nada! Mas foi tudo tranquilo, conseguimos entender e conversar perfeitamente com todo mundo da minha família, a questão é que o italiano do sul do país fala um dialeto diferente, que parece realmente uma outra língua! Ou seja: quando estivermos em Napoli, estamos ferrados!
Voltando às malas, claro que elas não couberam na cabine e tiveram que ficar no corredor, mas o problema maior foi que quando o trem andava rápido ou fazia curva, elas tombavam! Resolvemos colocar uma mala dentro da cabine em pé, entre nós dois, assim teríamos que vigiar apenas uma no corredor! Não deu certo, ficou muito apertado, não podíamos mexer as pernas e eis que no meio disso tudo surge o funcionário da Trenitália com um carrinho de guloseimas querendo passar pelo estreito corredor onde estavava a nossa outra mala! E a viagem foi toda assim, cheia de emoções! Coloca a mala para dentro, para o cara passar com o carrinho, coloca para fora para podermos nos mexer... Acabou que Thiago passou metade da viagem em pé no corredor com uma das malas e eu segurando a outra com as pernas dentro da cabine!
E teve mais: depois de passarmos muito calor por algumas horas, descobrimos que o ar da cabine estava no quente e não no frio e para completar a filha da mulher de Firenze (que já era adulta, mas tinha alguma deficiência mental) ainda fez xixi na calça!
Quando estávamos a uma estação do nosso destino, o trem deu defeito e o auto falante mandou todo mundo descer... Depois de 2 minutos que a gente desceu com as malas, no maior sufoco, aparece um funcionário da Trenitália com um apito, mandando todo mundo voltar pro trem correndo! Foi o maior estresse e no corre corre, Thiago acabou arranhado na barriga enquanto colocava uma das malas para cima do vagão!
Os italianos tem o sangue bem quente e foi todo mundo reclamando da Trenitália no trem! Mas foi uma grande falta de respeito e de informação mesmo! Para azar nosso, o funcionário que estava apitando para a gente entrar no trem na estação, entrou no nosso vagão e começou a retrucar as reclamações dizendo que ganhava mal, que era um simples funcionário e coisa e tal... Tudo isso num tom bem alto! E a gente tava lá, ouvindo tudo espremido no vagão, segurando as malas e esperando a hora de descer! Por fim, nosso trem chegou ao destino com quase 40 minutos de atraso e muito imprevistos no meio do caminho! Depois desta experiência chegamos a conclusão que não existe a menor possibilidade de fazermos outra viagem de trem sem despachar as malas!
Chegamos a Reggio e enquanto procurávamos o elevador para sair com as malas, do outro lado dos trilhos estava a Iuna nos gritando! Depois de tudo que passamos, foi bom ver um rosto conhecido!
Colocamos as malas no carro e lá foi a Iuna, (que nós apelidamos carinhosamente de "voglio de fretta") com seu jeito todo agitado nos falando a programação do final do dia, nos mostrando a cidade, falando sobre os parentes, sobre a previsão do tempo, perguntando sobre Roma, sobre o Brasil...
Conversar com a Iuna é sempre muito tranquilo, ela fala pausadamente e sempre entende o que a gente fala, mesmo quando a gente dá uma inventada no tempo verbal! rs
A Iuna, sempre correndo, nos levou para conhecer sua irmã Marcela e o marido. Falamos um oi rapidamente e saímos correndo para pegar a padaria aberta em Castelnuovo, pois não havia pão para o jantar! E pão é artigo de primeira necessidade em todas as refeições aqui na Itália!
Jantamos na casa da Iuna com ela, o marido e dois amigos muito simpáticos! O jantar estava muito gostoso e nós nos divertimos muito falando das diferenças e semelhanças entre a nossa língua e o italiano e de muitas outras coisas!
Fomos dormir na vasa da Vanna, a outra irmã da Iuna, porque ela mora sozinha e tem mais espaço na casa.
Começamos a perceber o porquê da minha avó ter feito tanta touquinha e cachecol para a gente! Que friooooo!
Meninoooooooooooooooooooooooooooooosss!!!!
ResponderExcluirQue tal mais uma viagenzinha de trem , de 5 horas , com grandes e pesadas malas???
Ufa!!! Deve ter sido cansativa, bastante estressante... ninguém merece!!! Essa só é melhor do que viajar em pé, busão lotado e gente com cecê ardido no nariza da gente!!!!he he he
Tenho certeza de que a estada de vocês, aí, vai ser gratificante.
As tias e vó Carmelita mandam muitos beijos carinhosos cheios de saudades. Eu tb.
Êta viagemzinha!Mas assim que é bom vão ter muitas histórias para contar!Além do que para quem lê é muito divertido. BJs Mãezinha Saudosa.
ResponderExcluirSó fico imaginando Thiago em pé no corredor, estressado!!! Priscila, nós sabemos muito bem como é isso! Mas nesse aspecto ( o de confusão, falta de informação), a Itália é bem parecida com o Brasil. Estou com saudades de voces!!! Bjs
ResponderExcluirChorei de rir lendo.
ResponderExcluirTrem parador, malas no corredor, dialeto bizarro e ainda por cima xixi!
Confesso que estou matando um pouco minha vontade de ir à Itália só de ver o blog de vocês - as descrições, as fotos, as aventuras... Saudades de vocês, casal! Experiências as mais diversas, todas tão interessantes.
É emocionante ver as pessoas recebendo vocês tão bem, que família afetuosa!
Cacá
PS: A neve nos pegou de surpresa, hein?! Eu e Guilherme ficamos escandalizados de ver...
muito engraçada essa viagem de trem, tomara q vcs se divirtam muito
ResponderExcluirbeijos e abraços
Nooooooossa!!!! Quantas emoções!!!!
ResponderExcluirHistória é que não vai faltar para rirmos na volta!
Tudo registrado!!! Que legal! Estou me divertindo!
ficamos babando com as fotos! lindas!
ResponderExcluirEstames pretendendo viajar de trem pela Itália,co malas grandes e fiquei bastante impressionada com a sua saga,mas eu não entendi.Como é essa história de despachar as malas? Existe algum vagão bagageiro? Obrigada,
ResponderExcluirSimone
Simone,
ResponderExcluirNão existe vagão bagageiro e não tem como despachar as malas.
Se você estiver pretendendo viajar de trem, o que eu aconselho é pagar um pouco mais caro num trem de alta velocidade (Freccia Bianca, Freccia Argento, Freccia Rossa...), tentar comprar uma passagem para as últimas poltronas do vagão, que são os locais onde melhor se acamodam as malas grandes, (leia os posts http://funiculi-funicula.blogspot.com/2010/10/descobrindo-verona.html e http://funiculi-funicula.blogspot.com/2010_11_01_archive.html) e chegar com antecedência na estação de trem, para entrar logo no vagão e conseguir acomodar as malas. Foi o que a gente acabou fazendo e foi o menos estressante!
Boa viagem!